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Recursos Humanos nem tão humanos assim

Estou há 22 anos no mercado de trabalho. Comecei a trabalhar bem cedo, ainda adolescente. Tive diversos tipos de patrão, e obviamente, lidei com vários setores de Pessoal. Se não me engano, falávamos Departamento Pessoal e depois virou Recursos Humanos, o famoso RH.

Trabalhar com pessoas não é fácil, mas, são poucas profissões em que o profissional depende apenas dele. Nós lidamos com colegas de trabalho, parceiros, contratantes, fornecedores, e muitas outras pessoas todos os dias. E é exatamente por isso que ao longo destes 22 anos, nunca entendi por qual motivo encontrei tanta gente que trabalha em Recursos Humanos e são pessoas extremamente grosseiras ou autoritárias.

Desde 2009 trabalho por conta própria, ou seja, tenho clientes e a relação com eles tem sido mais agradável que a relação patrão-empregado. Reforço, isso tem funcionado bem comigo, não sei se com todo mundo é assim. Mas, tomei conhecimento de duas histórias bem recentes que me fizeram escrever este texto.

Tenho duas pessoas da minha convivência que trabalham em duas grandes empresas, de renome nacional, cada uma de um segmento diferente. Ambos relataram situações de abuso de autoridade do RH destas empresas.

Empresa 1

Nesta empresa funciona o sistema de banco de horas. Quando há trabalhos extras, os funcionários não podem dizer que possuem compromisso externo, pois senão são penalizados, deixam de receber a cesta básica mensal.

Outra situação nesta mesma empresa. Mesmo com horas no banco de horas e acordo com o gerente da seção dele, foi combinado uma folga. No dia do pagamento, descobriu que perdeu o direito da cesta básica porque ele “faltou” um dia naquele mês e ainda teve o dia de trabalho descontado em reais em folha de pagamento. Mesmo se ele faltar e levar atestado médico o RH desta empresa corta o direito da cesta básica. Sem falar que esta pessoa, chegou a se ferir dentro da empresa, que tem uma enfermaria, e o funcionário preferiu não sair da empresa para ser atendido para não ser penalizado pelo RH novamente. Sem falar que esta pessoa relatou que se sentiu coagido pela funcionária deste setor. Que tipo de Recursos Humanos é esse?

Empresa 2

Neste segundo cenário, esta empresa também com unidades em diversas partes do Brasil, tem o RH centralizado em São Paulo. Já é difícil estabelecer um bom relacionamento com funcionários à distância. Dependendo da competência do RH é até tranquilo, pois já trabalhei em uma empresa que minha chefia era de outro estado e nunca tivemos problema. Mas, no caso desta segunda empresa, o funcionário tinha obrigatoriamente que fazer um curso de reciclagem. Uma funcionária do administrativo em BH apresentou uma série de nomes de cursos que o funcionário poderia fazer. Ele escolheu, assinou o tal documento e agendaram o dia e hora para o curso.

Ao chegar no curso na data e hora marcada ele foi informado pela instituição de ensino que a matrícula dele não havia sido efetuada – que deixariam ele iniciar o curso pois a empresa era “parceira” da escola. Ao entrar em contato com a empresa pelo administrativo de BH, a informação enviada do RH de São Paulo é que o curso escolhido pelo funcionário – lembrando que a própria empresa apresentou os cursos para ele escolher – era muito mais caro e que a empresa não iria arcar com o curso. Que ele deveria fazer um curso mais barato. E se ele continuasse a fazer o curso escolhido, teria que arcar com as despesas do curso do próprio bolso. Resultado? Ele concluiu o curso e o certificado está retido na escola porque está no impasse se a empresa vai ou não pagar o curso.

Fico pensando, onde está a humanidade dos setores de Recursos Humanos? Não deveriam ser estes profissionais mais sensíveis e dispostos a gerar o equilíbrio na relação empresa-funcionário? Não estou aqui para julgar os profissionais de RH, até porque, sou jornalista e não sou desta área. Mas, creio que falta mais empatia dos profissionais ao lidar com as causas, ao criar regras e gerar um bom relacionamento entre as partes.

Sobre as duas pessoas que conheço, ambos estão desmotivados com suas empresas, em busca de recolocação profissional, em tempos de crise. Sei o nome das duas empresas, e como jornalista, tive muita vontade de denunciá-las para o Sindicato e na mídia. Ambos, não saíram do trabalho, porque assim como todos nós, precisam trabalhar. O que vocês pensam sobre isso? Há alguma solução?

Artigo publicado originalmente no eu Linkedin: 

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