As mulheres e a competição no mercado de trabalho
Confesso que não acreditava muito nesta história de competição entre mulheres no mercado de trabalho. Passei a vida inteira trabalhando com homens e mulheres, e, poucas vezes percebi que havia alguém “competindo” comigo.
Pensava que os homens fossem mais competitivos. Mas, na verdade, tenho analisado alguns (e algumas) profissionais e percebido que na verdade, os homens são mais declarados no que diz respeito à competição. O cara quer ser o melhor no que faz e pronto. Não há problema em batalhar para ser melhor no que faz. O problema está quando passamos por cima de princípios e caráter para parecer melhor no que faz, mas, não é.
Este ano está completando 10 anos que trabalho com Redes Sociais. Sim, comecei a levar a sério este trabalho ainda nos tempos das comunidades no Orkut. Antes, tive blog e flogs, nada profissionais, mas, que já me deram ideia do que seria produzir conteúdo para colocar na Internet. Quando os blogs e flogs surgiram, eu tinha receio de onde o excesso de exposição iria parar. Observava mais do que publicava.
O tempo foi passando e este lance de digital, ainda tão novo para nós, passou a ser algo que fui levando cada vez mais a sério. Ao meu redor tive poucas mulheres que conheciam ou entendiam do que eu estava falando. Sério. Na faculdade, não me lembro de nenhuma colega que tivesse interesse pelo digital como eu tinha. No MBA encontrei uma galera já avançada no aprofundamento desta área, mas, não senti competição. Até porque, ali os perfis eram bem diferentes. Cada um em um nicho de atuação. Não rolava competição.
O que venho percebendo do ano passado para cá, é que cada vez mais mulheres vem trabalhando no meio digital – e que ótimo isso. Quantas vezes fui a eventos em que os palestrantes eram exclusivamente “homens bem sucedidos”. Mas, por outro lado, tenho sentido a tal falada competição que rola entre as mulheres que trabalham em um “mesmo ambiente”.
Por ser consultora, palestrante e professora estou acostumada a compartilhar conhecimento e ver outros compartilhando o conteúdo aprendido comigo. Faz parte da minha vida e é muito gratificante. Entretanto, tem me assustado ver profissionais – colegas da área – que usufruem do meu conhecimento e material e replicam como se fossem a fonte e não dão o menor crédito ao tempo que passo pesquisando, estudando e testando.
Tenho percebido que as mulheres têm se unido nas questões feministas – nunca busquei representatividade nestas questões – até porque, quem me conhece sabe que batalho pelo que acredito e o fato de ser mulher, nunca me fez pensar que não conseguiria. Tem me incomodado bastante conhecer e conviver com outras profissionais que vivem na vibe do feminismo profissional, mas, pelas costas, estão construindo o nome delas, pautadas no trabalho de outras pessoas – e não da maneira legal.
Não me sentiria confortável receber mérito por coisas que não fiz, não estudei, pesquisei. Entretanto, aprendi facilmente com a dica de alguém. Tem coisa melhor que dar crédito ao trabalho bem feito de outra pessoa? Não tem. Isso se chama parceria, irmandade, seja lá como você vai entender.
Ouvi em uma palestra do SEED, lá no Campus São Paulo (Google), uma empreendedora dizendo que no mercado das Startups os mineiros são mais legais e leais no quesito compartilhar informação. Que por ser paulista, ela sentia na pele que em Sampa as pessoas competem mesmo e não compartilham conhecimento. Não podemos ser assim. Independente do sexo. Vivemos na era do conhecimento compartilhado.
Mulheres, construam uma boa rede de relacionamentos pautada na confiança, compartilhamento de informação e lealdade. Fingir ser o que não é não vai te sustentar no mercado por muito tempo. É na fala, no diálogo, na conversa que o cliente percebe quem entende do assunto de verdade e quem não entende. É na entrega dos resultados que as coisas vão se confirmar.
E você já vivenciou algo parecido? Compartilhe nos comentários.
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