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Gay Talese concede entrevista à Edney Silvestre

Gay Talese dá conselhos a jornalistas mais jovens

Em entrevista exclusiva, o gênio do Novo Jornalismo fala sobre o ofício. Ele está em Paraty, na Flip.

Uma das vozes mais perfeitas da história da música sem voz. Afônico por causa de uma gripe. Como entrevistar Frank Sinatra sem voz? Como tornar célebre o que é corriqueiro? Como dar aos anônimos o lugar que eles merecem? Com estilo. O estilo Gay Talese.É um estilo que virou escola. Usar jornalismo e literatura para fazer do cotidiano um espelho e um retrato de nós mesmos. Talese conquistou seguidores, leitores, fãs há mais de 50 anos, que se encontraram – quem imaginaria – na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), para mais uma aula.

Aos 67 anos, elegante, educado, gentil. Um dos jornalistas mais influentes dos anos 1960 até hoje. O americano chique é filho de um alfaiate e de uma vendedora. Sempre afirmou que nunca imaginou chegar à fama com um interesse que se manifestou ainda na infância: falar dos que não costumam estar em evidência ou ressaltar detalhes que poucos percebem nos que estão sob os holofotes.

Foi em Paraty que Talese, ainda ativo depois de 11 livros e quase seis décadas de carreira, deu a entrevista exclusiva para o Bom Dia Brasil.

Quando perguntamos sobre a famosa reportagem de Frank Sinatra, uma surpresa.

– Eu não queria fazer a entrevista com Sinatra. Não era minha ideia, eu disse isso para o meu editor. Eu disse: “Ah, não, todo mundo já o entrevistou. O que mais há a dizer sobre ele? Ele é tão famoso”. Eu não gosto de escrever sobre celebridades porque o que se pode contar a mais? Também acredito que me sinto desafiado a escrever sobre pessoas anônimas, fracassadas ou não. O ponto é que o desafio do escritor é fazer com que o leitor se interesse por uma pessoa que não conhece.

Ele quebrou as regras básicas do jornalismo quando aboliu o quem, o quê, quando, como e onde.

– Eu queria ser um jornalista que pudesse fazer alguma coisa fora do comum. Os jornalistas, naqueles tempos, quando eu era jovem, não estavam tão preocupados com estilo. Eles queriam investigar, de forma rápida, queriam o furo, queriam ser os primeiros, primeiros, primeiros. Eu nunca quis ser o primeiro.

Um jornalista, hoje em dia, deve estar atento a quê?

– Jornalismo, como eu conheço, especialmente a mídia impressa, da qual faço parte, tem que se aprofundar mais nos personagens das reportagens.

Gay Talese fez severas críticas ao novo Novo Jornalismo, o jornalismo surgido com a internet.

– Elas [as pessoas] estão tendo uma visão de mundo, uma visão da civilização de dentro do laptop. O laptop as encurralou dentro de sua telinha. Saia de sua cadeira, vá para longe do computador de vez em quando e saia. Não fique confinado em uma sala, com uma mesa e um laptop.Link original desta matéria no G1, clique aqui.

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