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Jornalismo romântico

Lembro como se fosse hoje do meu primeiro dia de aula no curso de Jornalismo, da Faculdade Estácio de Sá de Belo Horizonte. Uma galera bem jovem, descontraída, e claro, tentando ser descolada. Roupas e estilos dos mais variados, apresentações, explicações e muita euforia. Afinal de contas, quem chega ao mundo universitário para cursar Jornalismo sabe do glamour que a profissão carrega.

Muitas histórias de quem estava chegando ali. Sonhos, lutas e empurrões de pais desesperados para não ver os filhos adolescentes sem “estudo” ou “profissão”. Alguns nem tinham ideia porque estavam lá. Particularmente, estar na faculdade representou um marco histórico, uma realização pessoal imensurável. Neste dia da aula inaugural em fevereiro de 2006 o então coordenador do curso de Jornalismo, Carlos Alberto Santos, nos apresentou algumas produções dos alunos e também as dependências da Estácio, auditório, estúdios de TV, rádio e laboratório de fotografia. A faixa etária dos meus colegas de turma era de 18 anos enquanto eu estava no auge dos meus 26 anos. Enquanto todos riam alto e falavam o tempo todo, eu estava ali, tentando segurar o choro da emoção por entrar no curso superior que sempre sonhei.
Minha visão sobre o jornalismo sempre foi bem romântica (entendi isso apenas no segundo período). Não conseguia vislumbrar o glamour da profissão, mas sim, a essência do “vou mudar o mundo com minhas próprias mãos”. Tive uma professora, que foi mais do que isso, uma referência para que tipo de profissional gostaria de ser me disse: “Você é uma daquelas pessoas que nos inspiram a continuar dando aula. Vejo nos seus olhos o quanto você ama o jornalismo.”
“Peraí”, pensei. Ela deve pensar que sou uma fanática (risos). Mas com as leituras, estudos e aprofundamento em matérias e no “modo de fazer” do jornalismo em várias mídias, rádio, televisão, jornal impresso, revista, sites, e até mesmo, nas assessorias de imprensa, entendi aquela frase dita pela minha professora. Realmente amo o jornalismo, nasci para isso. Sabe o que é acordar de manhã e se alegrar porque “irei trabalhar”? Eu sou assim, vivo assim.
Tive a feliz oportunidade em estagiar por três meses no Sistema Globo de Rádio de Belo Horizonte (Rádios Globo/CBN e BH FM). Aprendi muito com os profissionais dali. Com a Paula Rangel compreendi a importância da informação bem apurada e que o texto pode (e deve) ser adequado para a mídia. Ah, e como aprendi na marra que no rádio uma nota de 30 segundos pode derrubar outra de 10. Tenho o coração extremamente grato por cada profissional do SGR que me incentivou e me ensinou como me portar profissionalmente como jornalista. Depois tive uma experiência estagiando em uma assessoria de imprensa com o jornalista, professor (etc.) Juliano Azevedo. Apesar de novo, é um dos melhores profissionais que já conheci. Multifacetado (diria o Sebah Rinaldi), Juliano com seu dinamismo me ensinou a ver o lado positivo da vida e caminhar para aquilo que sempre acreditei. Em seguida, fui para o setor de comunicação da Igreja Batista da Lagoinha. Convenhamos, estagiar faz toda a diferença na carreira de um jornalista. Na IBL trabalhei para o jornal Atos Hoje e para o portal Lagoinha.com. Ainda tive tempo para uma rápida experiência com televisão para a Rede Super. Outro ponto que agregou em minha caminhada foram os freelas para jornais e revistas (vale a pena avaliar cada proposta).
Ao longo desses quatro anos de preparação para ser uma jornalista tive contato com alguns profissionais que fizeram toda diferença na minha formação. Além de excelentes professores, posso citar os jornalistas Ricardo Kotscho que conquistou minhas leituras fieis e minha admiração. Outro profissional fantástico é o querido jornalista Dídimo Paiva. Aos 81 anos, dedicou mais de quatro décadas ao jornal Estado de Minas. Foi fiel além de tudo ao direito da informação. Inclusive, foi o personagem da minha monografia. No meu convite de formatura fiz o meu agradecimento: “Aos jornalistas Ricardo Kotscho e Dídimo Paiva, o jornalismo não seria o mesmo sem vocês (nem eu!)” – e é verdade. Aprendi muito sobre ética, respeito, cidadania e paixão pela profissão com esses dois mestres. Sem falar no querido Heródoto Barbeiro, da rádio CBN. Além do excelente âncora no matinal “Jornal da CBN”, ele é um “franco perguntador”. Sabe o que perguntar e não tem saia justa com entrevistado, principalmente se ele for um político. Os livros do Barbeiro são coerentes, e na maioria das vezes, divertido. São vários profissionais que influenciaram e continuam influenciando em minha formação. Mas não poderia deixar de citar pelo menos esses três.
Conheço muitos jornalistas que não gostam do que fazem. Nem estão ali por dinheiro, porque se fosse por isso, seriam qualquer outra coisa, menos jornalista. São pessoas amarguradas, que não entendem como “caíram” nessa. Desde sempre tive essa convicção de que nasci jornalista. Taí a importância de nos conhecermos um pouco mais antes de escolher qual curso acadêmico cursar. Hoje, estou formada, graças a Deus! Minha colação de grau foi dia 16 de março. Sem dúvidas, um dos momentos mais especiais da minha vida. Ser jornalista está muito além de técnicas, de conhecimentos e diploma. Ser jornalista é ter no coração a imensa vontade de servir a sociedade, dar voz àquele que não consegue sequer ser visto. Dar ouvidos para aqueles que necessitam de alguém que os escute. Talvez, minha visão romântica do jornalismo não seja mais a mesma (e com certeza não é!), mas permanece em mim a vontade de “fazer acontecer”. Aquela convicção no coração de que não me calarei por qualquer motivo ou linha editorial. Muitas máscaras já caíram, do romantismo, ao glamour, voltando para o meu lado romântico e singelo de amar minha profissão.

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