Com credibilidade não se brinca
Um bom jornalista produz matéria pensando no famoso “lead” que responde as seis perguntas básicas do jornalismo: O quê? Quem? Quando? Como? Onde? Por quê?
Com credibilidade não se brinca. Nem com a nossa, nem com a de nossos clientes. Quem se propõe a produzir e compartilhar informação deve pensar, planejar e organizar para que a comunicação seja eficiente e respeite, sobretudo, a inteligência do público.
Pensando pelo lado técnico é tudo muito simples. Entretanto, a habilidade, os conhecimentos gerais e específicos, a experiência ao longo da carreira e talentos do comunicólogo também vão auxiliar nesse processo de construção da informação.
Quando se fala de comunicação digital a “coisa” esquenta mais um pouco. O fato é que os conhecimentos estão muito mais acessíveis do que há 20 anos. Livros, apostilas, ebooks, cursos gratuitos, seminários online, blogs e sites especializados tem recheado a vida dos jornalistas e assessores de imprensa de novas ferramentas e estratégias.
O problema no atual contexto virtual no qual vivemos é que todos se julgam especialistas em alguma coisa: analista de mídias sociais, jornalistas, publicitários, marketing, ecommerce, assessores de imprensa (e por que não, acessores?) e por aí vai. Mas o conhecimento nem sempre é uma especialização. O fato de gostar de redes sociais não quer dizer que você é um especialista.
E nesse contexto tenho visto muitos “assessores de imprensa” trabalhando por aí e brincando com a credibilidade de seus assessorados. Para começar, o assessor de imprensa é responsável por cuidar do relacionamento do assessorado com a mídia, visando tornar conhecido e fortalecer a marca (nome) de maneira positiva.
Claro que para um trabalho bem feito como assessor de imprensa é importante considerar os canais por onde o assessorado se relaciona. Além da própria imprensa, estão o site e também as redes sociais como perfis no Twitter e página no Facebook (considero que seja do seu conhecimento não ter um perfil e sim um fanpage). Fazer a análise SWOT do assessorado vai ajudar a identificar forças, fraquezas, oportunidades e ameaças produzindo estratégias mais eficazes e inteligentes para cada cliente.
A imagem do assessorado é a a pedra preciosa que o assessor de imprensa vai cuidar, zelar e melhorar ao longo do tempo. E pensando em tudo isso é que me pergunto com frequência qual o motivo que leva profissionais desta área a serem tão “copiosos” nessa função. No sentido de copiar ações erradas e replicá-las com seus clientes sem qualquer critério ou análise.
Uma das ações em assessoria de imprensa no âmbito digital que mais tenho visto – e que realmente incomoda – são assessores que atualizam os perfis de seus clientes no Twitter ou na página do Facebook utilizando a expressão [Assessoria] para identificar que o tweet ou post foram feitos pelo assessor e não pelo “dono” do perfil.
Não consigo entender como os próprios assessorados ainda não perceberam que esse tipo de ação descredibiliza o perfil ao invés de fortalecê-lo como nome/marca. O público passa a não acreditar que é o dono do perfil quem atualiza suas redes sociais e perde audiência e credibilidade com o tempo.
Uma alternativa para publicar notícias que não são escritas pelo assessorado é criar um perfil alternativo para tal finalide (ex. @imprensaElis), exclusivo para o assessor de imprensa atualizar. Neste caso, o perfil do assessorado poderia retuitar as informações de sua assessoria, seria simples e profissional.
O mais importante é o assessor de imprensa e o assessorado compreenderem que ao publicar um tweet ou post no Facebook identificado como [Assessoria], seria o mesmo que você gritar: “Olá, não tenho tempo para falar com vocês, por isso meu assessor de imprensa é quem fala”.
O grande sucesso das redes sociais é a possibilidade do público falar com personalidades e marcas sem utilizar “atravessadores”. Existem outros mecanismos como agendar tweets – sem o famoso [Assessoria] pelamordeDeus – ou preparar tweets para serem postados pelo assessor ao longo da semana.
A maioria dos meus clientes preferem eles mesmos atualizarem seus perfis. Acho ótimo. Não por questões de dar ou não trabalho. Mas como assessora de imprensa e jornalista sempre busco orientar meus assessorados sobre o conteúdo que eles publicam. Digamos, uma espécie de consultoria.
Minha dica é: otimize o seu relacionamento com o público. Se você é assessor de imprensa, reflita sobre as ações que tem desenvolvido com sua equipe e procure melhorar isso. Se você é o assessorado, chame o seu assessor para um bate-papo. Se você trabalha em outra área mas também participa de ações que “maquiam” ações nas redes sociais, chame sua equipe para uma conversa e busquem soluções inteligentes para conversar com seu público com credibilidade e inteligência.
4 Comentários
Danilo Andrade
Muito boas dicas! Simples, mas se transforma em grandes resultados. Confesso que não gosto de responder a pessoas que andam publicando [Assessoria]. Espero que os assessores leiam e aprendam! Abraço!
Janaina
Muito bom, Elis! Esse caso das redes sociais é mesmo sério – ainda hoje, noto que grande parte dos assessores não sabem utilizá-las, haja vista a quantidade de marcas/pessoas utilizando perfis ao invés de fanpages no Facebook. Parece que ainda não perceberam que o Facebook e o Twitter não são mais mera "distração", mas sim ferramentas poderosas de interação/aproximação entre marca/pessoa – público. Vou compartilhar seu post e espero que o pessoal preste mais atenção, rs!
Wander Veroni Maia
Oi Elis! Bacana o seu post, parabéns minha amiga. Estou na função de assessoria de imprensa há pouco tempo e sempre aprendo alguma coisa com as suas dicas. Acho bacana tweetar #equipe (ao invés de #assessoria) quando o assessorado está em um evento, por exemplo, e não tem como ele tweetar, daí a assessoria tweeta para não perder o factual. Não acho legal omitir para os leitores que o perfil em si tem uma assessoria por trás, particularmente não gosto.
Abraços,
http://cafecomnoticias.blogspot.com
Elis Amâncio
Agradeço as considerações do Danilo e da Janaína.
Wander achei seu comentário muito coerente. Você vive essa realidade profissional e deve ser exatamente assim.
Esse contexto que você citou de estar em um evento e enquanto o "assessorado", palestra, por exemplo, a equipe tuitar algo e colocar #Equipe é super válido. Mostra que enquanto ele está falando a equipe dá o suporte da informação para informar o público em primeira mão.
Nesse caso você mostra para o público que acompanha o assessorado no Twitter/Facebook que tanto ele quanto a equipe se importam de mantê-los bem informados instantaneamente. Ponto para vocês que conquistam mais credibilidade.
Diferente do exemplo que citei no post. Obrigada pela consideração, é importante que todos tenham consciência que é possível usar esse tipo de ação em ações factuais.
Outra coisa importante. Nunca se deve omitir nada do público. Por isso sou contra o tal de #Assessoria, pois não é o cara quem está atualizando o perfil, ele nem gosta de twitter e em algumas vezes finge que é ele quem está tuitando e quando é uma informação, digamos, mais comercial, coloca o #Assessoria para justificar qualquer tipo de propaganda.
Bom, espero que tenha dado para compreender melhor. Abs.