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Em pleno século 21 ainda se morre em incêndio

Se fosse no Brasil, iriam falar que é porque estamos em país pobre.

05/07/2009 – 11h29
Brasileira morta em incêndio em Londres pretendia voltar ao Brasil, diz tio
Por Felipe Maia da Folha Online

A brasileira Dayana Francisquini, 26, que morreu no incêndio de um prédio residencial em Camberwell, no sul de Londres, ocorrido na sexta-feira (3), pretendia voltar ao Brasil no fim do ano, segundo José Francisquini, tio da vítima. O filho dela, Filipe, 3, também foi identificado entre os seis mortos no incidente –acredita-se que a outra filha de Dayana, Thaís, 6, também esteja entre as vítimas. Segundo José Francisquini, que é irmão do pai da vítima, Adão, Dayana foi morar em Londres com a família há cerca de seis anos, em busca de melhores condições de vida. “Devido à situação precária do país [Brasil], eles foram morar lá para ter uma vida melhor”, afirmou José à Folha Online. “Agora que eles já tinham um pezinho de meia não precisavam enfrentar mais tanto frio.”

Reprodução/Times Online
Dayana estava com os filhos no apartamento quando ocorreu o incêndio, em Londres
Dayana estava com os filhos no apartamento quando ocorreu o incêndio, em Londres

Dayana nasceu Pinhais, no Paraná, e era dona de casa. Ela conheceu o marido, o também brasileiro Rafael Cervi, quando já morava na Inglaterra. Cervi, que estava trabalhando no momento do incêndio, afirmou ao jornal britânico “The Times” que falou com Dayana quando o incêndio já estava acontecendo. Desespero “Ela disse que havia fumaça vindo do chão, então eu pedi que ela fosse para o banheiro com as crianças, porque há um exaustor lá”, afirmou. Ele foi impedido pelos bombeiros de entrar no prédio, mas conversou com a mulher pelo telefone. “Eu falei com ela pela última vez às 5h26 [hora local]. Ela disse: ‘A fumaça está entrando e o Felipe está com dificuldades para respirar. Ele está assustado. Eu tentei ligar de novo, mas ela não atendeu’, contou Cervi ao jornal.” Os corpos de Dayana e Felipe –que nasceu na Inglaterra– já foram identificados, mas o de Thaís, nascida no Brasil, não. “Hoje eles liberaram a família para ver o corpo da Dayana, mas o das crianças, não”, afirma o tio da vítima. A expectativa é que leve cerca de dez dias até que os corpos sejam liberados para o enterro, que deve ocorrer no Brasil. “Conversávamos muito pela internet, quase semanalmente. Ela estava muito feliz, gostando de lá”, afirma Geraldo Aparecido Francisquini, primo de Dayana. Investigação Além de Dayana e os filhos, morreram Helen Udoaka, 34, a filha dela Michelle, e a designer Catherine Hickman, 31. Ao menos 30 pessoas chegaram a ser levadas ao hospital, com quadros de intoxicação. A polícia de Londres considera o incêndio “potencialmente suspeito”, mas não há informações sobre o que causou o incidente –as investigações podem levar até meses. Residentes do prédio afirmaram ao jornal “The Guardian” que há anos pedem a demolição do edifício. O morador Ed Hammond, 37, afirma que os apartamentos eram “armadilhas de morte”. “Se o fogo fosse na área central, você não teria para onde ir”, afirmou ele, ao jornal. O “Times” diz que o descaso é tanto que as paredes são praticamente todas rachadas, com a borracha soltando da única escada central. O prédio não tem uma saída de incêndio apropriada. “Eu estou nesse trabalho há 30 anos e eu nunca vi algo parecido. O clima quente e o fato de as janelas dos apartamentos estarem abertas fizeram com que o fogo fosse assim”, afirmou o bombeiro Paul Glenny. A polícia investiga como o incêndio pode ter começado e se foi intencional ou um acidente. Segundo os bombeiros, o primeiro foco surgiu em um dos apartamentos do nono andar e se espalhou rapidamente pelos pisos superiores. Cerca de cem bombeiros trabalharam por mais de quatro horas para conter as chamas e para resgatar as pessoas presas nos andares superiores. Os outros moradores do prédio não podem voltar para casa porque o prédio é considerado cena de crime.

Notícia da FolhaOnline, clique aqui.

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